Aqui reinava um Rei quando eu menino:
vestia ouro e castanho no Gibão.
Pedra-da-sorte sobre o meu Destino,
pulsava junto ao meu seu coração.
Para mim, seu Cantar era divino,
quando, ao som da viola e do bordão,
cantava, com voz rouca, o Desatino,
o riso, o sangue e as mortes do Sertão.
Mas mataram meu Pai. Desde esse dia
eu vivo como um cego, sem meu Guia,
que se foi para o Sol, transfigurado.
Sua Efígie me queima. Eu sou a presa,
ele a Brasa que impele ao Fogo, acesa,
Espada de ouro em Pasto ensanguentado.
Ariano Suassuna.
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