Escreveu Mabel Tavares, sobrinha de Augusto Severo, que “naqueles tempos de outrora, não havia um serão de família onde os jovens não fizessem ouvir belos poemas. O Brasil, rico de poetas, oferecia vastíssimo campo aos declamadores.”
E assim também ocorreu com o ainda jovem Augusto Severo. Ele tinha as suas preferências quando chamado a declamar por ocasião daqueles encontros com a família reunida na “Casa de Guarapes”, uma casa grande localizada próxima ao porto de mesmo nome onde, em dias festivos e alegres, todos participavam de “alegres reuniões e saraus familiares”.
De Castro Alves (o “Poeta dos Escravos”), Severo gostava de recitar “Duas Flores” e “Versos de um Viajante”; de Gonçalves Dias a poesia preferida era “Desejo”.
“Do Velho Mundo, os geniais poetas Victor Hugo e Musset lhes falavam ao coração profundamente! Eram seus companheiros inseparáveis”, como afirmou a escritora Mabel Tavares.
E ainda, o renomado português Luís de Camões, com os famosos “Lusíadas”, de onde Severo selecionava alguns versos.
Quando sua irmã Amélia casou-se em 18 de setembro de 1886, Severo presenteou-a com algumas libras esterlinas de ouro e com a seguinte poesia de sua autoria. Nessa ocasião ele tinha 22 anos de idade.
Pensei — Amélia — no que te ofertasse, Para que o dia de hoje não passasse, Sem guardar uma lembrança Mas nada... nem sequer uma esperança De encontrar o que tanto desejara... Nem uma ave, uma flor, do trevo, a folha rara... Ou mesmo o coração — longe daqui — Para dizer-te: toma-o, guarda-o junto a ti E sem a ave, o trevo, o coração e a flor Lembrei-me destas pobres moedinhas De ouro de lei, e boas amiguinhas, Sem as quais, neste mundo, só o amor... Augusto Severo de Albuquerque Maranhão, à sua irmã Amélia, pelo seu casamento, 18.IX.1886 |
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