Postagens Recentes

Mostrando postagens com marcador pintura. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador pintura. Mostrar todas as postagens

30/11/2012

Artur Afonso


22



Por Artur Afonso 

Dá-me a conhecer o mundo que anseio,
enche-me a vida de imolando!
Quero sentir o gozo da vida.

Quero ser parte do que é teu, 
conhecer as belas coisas do mundo,
sentindo a eternidade pulsante!

[Se tu soubesses o desejo que em mim, qual Fénix, renasce!
Se tu soubesses todas as coisas do saber, do amor distante...]

Vem, vem...
soubesses a alma que em mim fenece,
torpe distância que em mim se consome...
Vem, vem, vem... como me embalando.

Dá-me as coisas que não existem mas sinto,
Dá-me amor, esse desejo das coisas vencidas,
palpitantes por dentro...
satírica fome das coisas absortas!

Vem,
dá-me a poesia da vida!
- Que te possua olhando nas órbitas,
por dentro, como se eu fora o único, o tal,
o perene ser das coisas etéreas!

Vem,
dá-me esse regozijo de vida,
essas palpitações convulsas,
esse pulsar de alma que sente, de quem só sente...

Beija-me por dentro,
eu trémulo por tuas mãos arguentes, dá-se fome, dá-me tanto!
- A fome das coisas ausentes,
das coisas que sinto,
a fome da poesia ao dilacero, a fome que não pára!
Cicatriza-se-me a alma, parte-se-me o pranto!

Ah! Prosterna-me!
Goza no eu olhando-te na íris,
no eu que querendo-te em violência cortante,
como saciando fome de séculos e de vida!

...

Dá-se este pungir das coisas húmidas,
líquidos viscosos do corpo.
Ah... ser teu... vem!

Ser mais...
Ser como tu, nas estrelas distantes,
ser das coisas belas e reais...

Pulsar de vida!

- Artur Afonso

Fonte da imagem: http://www.romerodeandradelima.com.br
Exposição "Memória Armorial".
Outubro/09


13/05/2012

A beleza do Porto (III)


Ribeira do Porto em foto antiga
http://ignorancia.blogspot.com.br/2011/01/porto-um-paragrafo.html

Arrecifes e Porto do Recife (1875) Marc Ferrez/Acervo IMS
www1.folha.uol.com.br 

Ao meu amado português J. Francisco Saraiva de Sousa



Meu ruivo


Meu cavalheiro ruivo,
larga tuas armas,
essas palavras desesperançadas
daqueles que não amaram, 
cujos brasões não ardem mais,
cujas tochas já se apagaram, 
cujos cetros caíram,
e só reproduzem o pensamento de outrem.

Queres o quê? Que me atire às trombas d’água?
às correntezas dos rios me lance?
dos arrecifes me jogue aos corais afiados?
que eu rasgue meus faldistérios?
que não consiga nem colher o algodão no lagar
nem bordar meu enxoval?

Ah, meu ruivo,
vem à labuta procurar-me.
achar-me-ás lá, fiando a lã
para tecer-te outro par de meias,
d’aquelle que rasgaste furiosamente.
Espero que a nossa mesa de cedro-rosa esteja intacta.
lembra-te que o artesão
levou três meses para concluí-la.


da tua jabuticaba em flor.


Letícia d'Albuquerque Maranhão Valle
Da Capela Nossa Senhora das Candeias
Engenho Cunhaú
Canguaretama
Capitania do Rio Grande,
Do Fidalgo da Casa Real, o Capitão Mor Jerônimo d’Albuquerque Maranhão.
XIII/V/MMXII





Capela de N. S. das Candeias
Engenho Cunhaú
Foto do álbum: Andanças pelo Rio Grande do Norte



30/04/2012

A beleza do Porto (I)


Ao meu amado português J. Francisco Saraiva de Sousa



Dr. Francisco

Ai, Dr. Francisco,
De Santo, Doutor, Poeta e Louco
Tens um pouco.
Por que não me vens curar
Dessa dor,
Que se alastra
Desterra-me
Para além-mar. . .

Guardo teu retrato
Debaixo da renda do criado-mudo
E o lencinho no meu peito
Tem bordadas as tuas iniciais.
Já perco saúde e juízo
De esperar a ama anunciar:
“Sinhazinha, é chegado o Dr. Francisco!!!”

Letícia d'Albuquerque Maram. Valle

Capitania hereditária de Pernambuco,
do ilustre Dom Duarte Coelho Pereira.


Reyno de Portugal, do Brasil e das Terras d'Aquém e d'Além-mar.

Recife, XXX/IV/MMXII.


J. Francisco de Sousa

cyberdemocracia.blogspot.pt

facebook.com/igor.sousa2



Pintura de Romero de Andrade Lima